terça-feira, 15 de abril de 2014

XII EJIP – 9 a 12 de Abril de 2014 – Boltaña (Huesca, Espanha) – Parte 1, 1º dia

Boltaña fica longe. Não só em termos de quilómetros mas sobretudo em termos de graus. 50 km numa estrada que faltou às aulas de física e desconhece o movimento rectilíneo separam a bonita povoação de Boltaña da decente estrada que liga Huesca a Sabiñanigo. Cerca de 237 curvas depois, já na noite de dia 9 de Abril, chegámos. Uma lumachela de paleontólogos não fez duvidar que era ali o local de encontro. Um brinde de recepção ao som tradicional da “Ronda de Boltaña” deu o mote ao início de mais um Encontro de Jovens Investigadores em Paleontologia!!
Vista para Oeste de Boltaña, um dos muitos vales modelados na paisagem.

Dia 10 de Abril, pelas 9h, já a sala de conferências da Comarca de Sobrarbe estava muito composta, reflexo da forte aderência a este congresso (mais de 100 participantes). Após algumas palavras introdutórias dos organizadores do evento e de uma apresentação do Geoparque de Sobrarbe conduzida por duas das responsáveis pela divulgação do mesmo, deu-se início às comunicações científicas pelas 10h45. A viagem começou no Ordovícico com trilobites (Sofia Pereira, link do post "Registo de Trilobites de Mação no XII EJIP") e seguiu oceano fora com os peixes cartilaginosos (Humberto G. Ferrón). O Paleozóico terminou por aqui mas o EJIP mal começara e regressou aos invertebrados com os detalhes internos dos braquiópodes jurássicos do Jorge Colás, um trabalho com bastante potencial para a sistemática do grupo. Continuou-se em grupos de duas valvas, mas desta vez bivalves cretácicos (Pablo Font, com um resumo que conta como co-autor o português Pedro Callapez) e Alba Sánchez-García fechou a primeira série de comunicações com uma apresentação gráfica e cientificamente muito cuidada sobre Tanaidáceos cretácicos preservados em âmbar.

Após a primeira pausa para café e com a sala mais cheia por participantes que entretanto chegaram (já dissemos que é difícil chegar a Boltaña??), chegou a primeira de muitas comunicações dinossáuricas (afinal, e mesmo extintos, continuam a fazer jus ao seu tamanho nas edições do EJIP). Víctor Fondevilla divertiu-nos com a situação dos seus afloramentos, Irene Prieto e Adrián Ruiz-Galván mostraram que o início da investigação só depende da vontade dos alunos e a restante manhã seguiu dedicada aos dinossáurios, ora numa perspetiva mais morfométrica (Antonio Alonso), ora a suscitar “inveja” da possibilidade do uso de microtomografia (Mattia Antonio Baiano), fechando com Carlos de Miguel Chaves numa espécie de CSI montado a um exemplar histórico de Lariosaurus.

Carlos de Miguel Chaves - Perspectiva histórica del ejemplar de Lariosaurus (Sauropterygia) de Estada (Huesca, España)

Da parte da tarde, Diego Castanera entrou “pelos pés” de dinossáurios (resumo que conta com a portuguesa Vanda Santos como co-autora), passou o testemunho a Paul Emile Dieudonné, único francês participante que num castelhano muito perceptível nos brindou com uma comunicação bastante promissora para a filogenia dos ornitópodes. Seguiu-lhe Adrián Páramo, numa quase aula sobre árvores filogenéticas aplicadas a Saurópodes, Guillermo Rey Martinez ainda em saurópodes (tíbia), voltámos aos ornitópodos com o Francisco Javier Verdú e todos se entusiasmaram com a apresentação de Daniel Vidal sobre como obter modelos tridimensionais por fotogrametria  (apostamos que o uso de 3D no próximo EJIP será substancialmente crescente).

Adrián Paramo - Comparativa entre los algoritmos de elaboración de superárboles filogenéticos de Sauropodomorpha (Dinosauria)


Daniel Vidal - Obtención de modelos tridimensionales mediante fotogrametría

Após uma pausa para café protagonizada por umas deliciosas bolachas paleontológicas “Fósiles de Sobrarbe” de produção local, o primeiro dia de conferências terminou com a magistral conduzida por Juan Rofes, dotado de uma capacidade de transmissão que fez os 60 minutos de palestra voarem entre dentes e fémures de micromamíferos.
Jorge Colmenar, um dos organizadores e participante do encontro com um atractivo póster sobre braquiópodes ordovícicos, encerrou o primeiro dia surpreendendo o colega (também Jorge e também braquiopodista) Jorge Colás com um fato de Braquiópode, uma surpresa para assinalar a sua despedida de solteiro que divertiu a plateia.
À noite, um barbecue de convívio preparado pelos organizadores do congresso junto ao Rio Ára acompanhou as conversas sobretudo paleontológicas dos muitos participantes. 

Jorge Colmenar e Jorge Colás em modo braquiópode



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