O segundo dia começou com uma plateia menos imponente, que se foi compondo ao longo da manhã, conforme os participantes mais vulneráveis à melatonina iam chegando.
Samuel Zamora - Decifrando la evolución de los equinodermos usando taxones cámbricos
Samuel Zamora iniciou o dia com mais uma das três conferências magistrais desta 12º edição do EJIP. Dedicada aos equinodermes câmbricos e à sua importância na compreensão dos fenómenos evolutivos que marcaram este Período, foi preenchida por imagens e reconstruções muito atractivas que foram chamando a atenção dos participantes que eram, maioritariamente, vertebradistas. Seguiram-se as sessões científicas da primeira parte da manhã, iniciadas por Ruben Garcia Artigas com biostratigrafia integrada utilizando amonites e foraminíferos planctónicos (não pudemos deixar de reparar no género Leupoldina !!). Seguiu-lhe Elena Berdún a lembrar ambientes recifais e Rafael Marquina Blasco com a sua tartaruga pliocénica e, a anteceder o reabastecimento de cafeína da manhã, Daniel Romero-Nieto e Borja Holgado divertiram a plateia. O primeiro com a influência dos filmes nos conhecimentos de paleontologia do público em geral (e que hilariantes as respostas de algumas crianças) e o segundo com a influência da ficção sobretudo cinematográfica na taxonomia paleontológica. A maior gargalhada da manhã chegou com a trilobite do Género Han, Espécie solo. Han solo Turvey, 2005 foi justificada pela sua proveniência (Han é o maior grupo étnico atualmente existente na China) e por ser a trilobite diplagnostídeo mais jovem (solo porque coitada…foi o último sobrevivente da família, justificou o autor). Turvey acabou por, posteriormente, admitir a ligação ao Star Wars. Os diferentes pontos de vista relativos a este tipo de brincadeiras científicas foram discutidos no final do comunicação e seguiram todos para um café e para a fotografia de grupo, frente à Comarca de Sobrarbe.
Daniel Romero-Nieto - Paleontología y Enseñanza Obligatória. Fuentes y grado de conocimiento
Borja Holgado - La influencia del relato de ficción en los taxones descritos por paleontólogos
Alguns slides da divertida apresentação de Borja Holgado
A manhã continuou com frutos e sementes de palmeira fósseis, por Rafael Moreno Domínguez, um grupo pouco usual mas que permite conclusões paleoecológicas interessantes, e seguiram-se grupos mais familiares com a atualidade. Primeiro as aves de Carmen Núñez-Lahuerta numa apresentação cuidadosamente explicada, Carla M. Bazán com comunidades de micromamíferos, Mercedes Conde Valverde com uma curiosa comunicação sobre a audição dos primatas e a terminar a anteceder o almoço duas comunicações sobre dentes, a primeiro por Ignacio A. Lazagabaster que estudando o desgaste de porcos actuais mostrou o potencial da aplicação da metodologia à paleontologia do grupo e a segunda por Eloy Manzanero que arriscou um padrão de mortalidade para os elefantes de Somosaguas.
Ainda antes de almoço alguns participantes efetuaram uma visita guiada por Boltaña, conduzida por María José Torres Olivera, nascida em Boltaña, claramente entusiasmada por divulgar a sua terra. Embora o tempo tenha estado muito agradável de manhã, uma radical mudança trouxe a chuva a meio da visita, impedindo terminá-
-la. Realçamos os pormenores de cor nas ruas e casas de pedra e a imponente igreja que se esconde numa povoação tão pequena.
As cores de Boltaña
Participantes do XII EJIP na visita guiada por Boltaña
As ruas de Boltaña
Após o almoço, Alejandro H. Marín-Leyva trouxe-nos o trabalho geograficamente mais longínquo, debruçado sobre a dieta de cavalos pleistocénicos do México. Mantivemo-nos no Pleistoceno mas voltámos aos Pirinéus com um afloramento de ursos por Raquel Rabal-Garcés. Mudámos de grupo para cabras e cavalos da mesma idade por Víctor Sauqué, voltámos aos ursos com Daniel Hontecillas, descemos na cadeia alimentar até às hienas miocénicas e o estudo dos seus crânios por Víctor Vinuesa e terminámos com Josep Francesc Bisbal i Chinesta, historiador que se dedicou à curiosa difusão da paleontologia na imprensa catalã anterior à ditadura franquista (e que deixou vontade de alargar o estudo a mais regiões de Espanha e de outros países pelas curiosidades que se vão descobrindo).
Após a última pausa para café (com a possibilidade não só de comer novamente os “Fósiles de Boltaña” como de
comprar as saborosas bolachinhas), Bernat Vila deu a terceira e última Conferencia magistral sobre as pegadas dos últimos dinossáurios europeus.
A organização deste 12º EJIP juntou-se por fim na frente na sala de conferências para fechar o encontro científico, dando voz aos organizadores do próximo encontro que será em Cercedilha (perto de Madrid) em 2015. Pelas 22h foi o jantar de convívio onde as conversas paralelas só eram interrompidas pela chegada dos primeiros pratos, cuja boa aparência não deixava ninguém indiferente.
Infelizmente não pudemos ficar para a saída de campo do congresso, que ocorreu no sábado de manhã.
Do nosso lado, como participantes e sem simpatias forçadas, resta-nos dar os parabéns à
organização porque sem exageros ou eufemismos estiveram impecáveis em tudo. Elogiamos os restantes participantes porque o nível do congresso superou sem dúvida as nossas expectativas, numa actualidade onde cada vez mais os congressos científicos são vistos como um “chegar, fazer currículo, partir”. Neste 12º EJIP viajámos uns largos anos no tempo e postura dos intervenientes e o debate, discussão e troca de ideias foram uma constante que nos fez terminar os dois dias com a certeza de que congressos com nomes sonantes não são necessariamente os melhores.
Enhorabuena!
O comité organizador
do XII EJIP da Universidade de Saragoça (da esquerda para a direita): Roi Silva
Casal, Ester Díaz Berenguer, Alba Legarda Lisarri , Jorge Colmenar Lallena,
Jara Parrilla Bel e Eduardo Puértolas Pascual (falta Gabriela Arreguín).