Maria Helena Henriques (Faculdade de Ciências e Tecnología, Universidade de Coimbra) e Maria Canales (Facultad de Ciencias Geológicas, Universidad Complutense de Madrid) publicam recentemente na revista internacional
GeoBios, nova informação sobre as associações de foraminíferos (organismos protistas que podem segregar um pequena concha passível de fossilizar) bentónicos e amonites (cefalópodes com concha em espiral que se extinguiram à 66 milhões de anos) de São Gião, Portugal.
Os afloramentos de São Gião, têm sido referência na Bacia Lusitânica (ou Lusitaniana) para a transição entre o Jurássico Inferior e Jurássico Médio (Toarciano Superior-Aaleniano Superior).
Deste local foram colectados milhares de exemplares, 447 amonites e 13,116 que foram estudados do ponto de vista taxonómico, paleoecológico e bioestratigráfico. Os foraminíferos foram particularmente úteis na hora de calibrar o momento da transição Jurássico Inferior-Médio em São Gião. As associações fósseis de foraminíferos de São Gião são ainda consideradas pelos autores como as mais diversas no âmbito da Península Ibérica, como 71 espécies identificadas.
Com base nas associações identificadas os autores consideram que estas proveem de um paleoambiente de águas superficiais e sem influencia de águas frias, não suportando a ideia de ocorrência de um arrefecimento da água do mar no Aaleniano inferior, como tem sido defendido por outros autores.
Deixamos o resumo:
This paper describes and characterises the co-occurrence of ammonite and benthic foraminiferal
assemblages across the São Gião outcrop (Central Portugal), a reference section for the Lower-Middle
Jurassic boundary in the Lusitanian Basin. The upper Toarcian-lower Aalenian marls and marlylimestones in this section provide a precise and detailed ammonite-based biostratigraphic zonation,
with a mixed assemblage of northwest European and Mediterranean faunal elements, associated with
benthic foraminifera assemblages with northern hemisphere affinities, both correlatable with the
Aalenian GSSP at the Fuentelsaz section (Iberian Cordillera, Spain). A total of 447 well-preserved
ammonite specimens and 13.116 foraminifera have been studied; no evidence was detected of any
taphonomic processes that could have changed the original assemblages. From a biostratigraphic point
of view, the ammonite record has enabled four biostratigraphic units to be recognised (the Mactra and
Aalensis subzones of the Aalensis Biozone in the upper Toarcian, and the Opalinum and Comptum
subzones of the Opalinum Biozone in the lower Aalenian). With regard to the benthic foraminifera, the
taxa identified have enabled the Astacolus dorbignyi Zone and 11 bioevents to be identified, most of
which representing local biostratigraphic proxies. However, the increase in the relative abundance of
Lenticulina exgaleata Dieni from the upper part of the Opalinum Subzone to the lower part of the
Comptum Subzone has a regional value. The constant and continuous ammonite record of northwest
European taxa, together with typical Mediterranean taxa – namely Grammoceratinae – throughout the
section, the high relative abundance of Miliolina representatives – generally interpreted as foraminifers
typical of shallow waters – and the absence of foraminiferal forms typical of cool waters, do not support
the inference of cool seawater temperatures attributed to the Early Aalenian, or the global character of
the ‘‘Comptum cooling event’’, at least with reference to the Lusitanian Basin.
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